Não me lembro de ter convivido ao longo de minha vida com muitos deficientes, mas os poucos que conheço me intrigam, por assim dizer. A primeira lembrança é de um aluno da 2ª à 4ª série, que tinha lábio palatino (já corrigido) e por isso era difícil entender o que ele falava. Todas as crianças caçoavam dele. Outra pessoa é o enteado de meu pai, que tem deficiência intelectual, vai em escola especial mas não é bem compreendido pela família. Ninguém tem paciência com ele. Já trabalhando no IF, lembro-me de uma servidora que tinha problema nos quadris, mas não tinha uma cadeira especial (na verdade nem nossa ergonomia é respeitada), e outra no joelho, que pedia para que fôssemos na sala dela porque ela não conseguia subir o degrau que nos separava. E de vez em quando vemos alguns cegos na rua e no metrô, totalmente sozinhos. É difícil ver tudo isso e não saber bem como lidar com a situação sem ser grosseiro ou invadir a intimidade da pessoa. Minha família nunca discutiu sobre como se comportar com esse fato, e devo confessar que eu mesma nunca procurei me informar, seja pelo pouco contato que tinha com esse tipo de pessoa, por desinformação e desinteresse. E na TV, rádio, jornais, todos são alvo de chacota.